Querofobia — o medo iminente de ser feliz

Ericles Vitor
2 min readDec 1, 2022

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Como se não houvesse o merecimento, como se a felicidade fosse real apenas para uma pequena parcela das pessoas ou como se ter uma boa tarde de riso a toa nos levasse a pensar “mais tarde terei raiva”.

E de uma forma quase inconsciente a gente adia a felicidade por medo de uma tristeza ou sentimentos negativos que acreditamos que andam juntos com esses momentos de euforia. Uma lógica de castigo.

Trilhando nossa caminhada, acabamos por nos tornar nossos próprios carrascos. Seguimos acreditando que dentro de nós existe uma parte que até se parece conosco, mas sua motivação é unicamente sabotar nossa própria jornada.

É interessante a gente repensar e destrinchar essa história pra não acabar alimentando essa parte que dentro de nós, está apenas destinada a nos destruir.

Fazer as pazes com nossas partes.

Partes essas que se deparam com o sofrimento cotidiano, que encontram angustias nas questões existenciais e que nos direcionam a reprimir muita coisa como se em algum momento elas sumissem.

Mas, elas continuam ali, nos assustando.

É estranho encarar que fomos ensinados a temer até o que é bom, um medo de aceitar a felicidade, que é tão almejada e tão temida ao mesmo tempo. Como se vibrar com uma vitória fosse semelhante ao entrar na água fria, e viver o medo da felicidade fosse como um mergulho de cabeça.

Eu sei que você sabe o quanto a realidade é crua, nossas experiências riscam nossa percepção e ninguém é o mesmo depois que é encarado pelo medo.

Medo de amar, de se arriscar, de nutrir esperança de que as coisas podem ser diferentes e o mais temido que é o próprio medo de viver…

Mas nós continuamos, apesar do medo. E é por isso que te escrevo, como uma carta de amor para quem não conheço. Pra te dizer que a vida espera que façamos as pazes com ela, para que possamos levar vidas menos canalhas.

Dissolvendo essa narrativa cansativa, que nos envolve a viver esperando pela parte ruim das coisas, “o que vai acontecer já está acontecendo”. Que o medo da felicidade ou qualquer outro medo que te faça acreditar que seu destino seja apenas a angustia frequente, possa ser dissipado pelo seu corpo disposto a sentir os sentidos do presente.

Existem rituais no seu cotidiano que te fazem renovar a esperança na vida, que nossas relações e nossa honestidade com nossas vivências possam nos levar a eles.

é um começo…

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