Ericles Vitor
1 min readFeb 13, 2022

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A luz vaza pelas fissuras.

Esses dias tive uma sensação de me sentir como em um determinado momento da infância, não tenho total clareza mas era um desejo por acalanto.

Então me vi olhando por uma janela, com prédios baixos e muita mata, um fragmento de infinito que me possibilitou projetar meus anseios e angústias naquele cenário em tons de verde.

Era por volta das 11h o céu nublado e um cinza que entrava em contraste com a paisagem tornando tudo mais melancólico.

Como é estranho a sensação de sentir coisas que não sabemos nomear, que nos geram incômodos quase que inéditos. Eu só lembrei que já havia sentido algo parecido com o que sinto agora porque a paisagem me lembrou. Eu me vi no céu cinzento.

Alguns processos podem ser reduzidos ou aumentados dependendo da ótica com que é visto e minha preocupação não é mensurar tamanho ou impacto no momento.

Existe dor a ser sentida e isso já vale.

Continuo na janela, focado em uma pequena fresta de sol que escapa por um espaço entre as nuvens turvas no céu.

A gente é assim, escapa luz das nossas fissuras.

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