cansei dos acúmulos

Falei que não acumularia coisas. Mas não só coisas, porque parece inanimado digo agora então que também não acumularei mais emoções e pessoas. Quero ser vazão e colher espaços, preciso do vazio que se estabeleça e que eu perceba o vão para poder reorganiza-lo, como a composição de uma sala nova. Mudar os móveis de lugar.

Quero fazer essa roda girar, abrir mão, bater o pé, deixar de fazer sentido e repensar o esquisito momento em que me encontro questionando as formas que cultivo minha fé. Principalmente a que tenho por mim. Fé em mim é fé na vida.

Não quero acumular pra não me perder na entulharia, claro que tudo tem significado mas é o sentido que eu busco e esse tem mudado. O sentido de direção, o sentido de estado o sentido de toque. Que saco é viver entre os acúmulos.

Guardar roupas que não me cabem ou não combinam mais com esse eu de agora, pendurar objetos que destravam sentimentos ruins como se a memória fosse sempre sagrada, mas esquecer também é ritual.

Permitir que fique algumas coisas, querer que se vá outras.

Romper os acúmulos com organização, que primeiro desorganiza. Bagunçar o que tá parado e respirar no meio dessa bagunça. A vida é mais que isso e já tá na hora de correr o risco de viver sem acúmulos.